Descobri em casa da Mãe esta carta escrita pelo Pai no seu melhor estilo.É comovente testemunhar como eles se amaram um ao outro,e nós que os conhecemos bem, sabemos como isto é verdade, e que o pai com o seu feitio nem sempre muito fácil adorava a sua Maria Ilda.Esta carta foi escrita no dia 18-10-1983Querida Maria Ilda
São passados 45 anos desde a data em que em Alhandra,num dia radioso,nos unimos pelo matrimónio,auxiliados pelo Sr. Damásio do registo civil e pelo Sr. Cónego Martins na igreja e perante este fizemos a Deus e a nós próprios a promessa de um amor que nos haveria de acompanhar até á morte,unindo-nos nas horas boas e nas horas más.Pssaram-se 45 anos! São as nossas bodas de safira,uma pedra azul,côr da esperança que nos envolve neste dia.Estamos sem dúvida na curva descendente das nossas existências,mas pode ser que Deus ainda nos conceda alguns anos,poucos ou muitos,para vivermos em comum.É caso para lhe rogarmos que se as nossas vidas se forem prolongando,se prolongue também a afeição mútua que desde o 1ºdia de casados nos uniu e já vinha de trás desde que pensámos em unir os nossos destinos.Já muitas vezes disse e sinceramente o penso,aoesar de todos os defeitos(meus sobretudo)que são afinal o traço de tudo o que é mortal,nós constituimos(tempo passado e tempo presente) uma família.De nós, do nosso amor, provieram cinco filhos e hoje já temos 12 netos,uma sementeira prodigiosa,que teve por base um fenómeno biológico corrente,a união dos sexos,mas foi e é mais do que isso pois assenta numa base de afecto que tem durado ininterruptamente e promete,se Deus quizer,prolongar-se pelo futuro adiante.Que Deus continue a cobrir-nos com as suas bençãos e áqueles que de nós provieram.Num balanço geral eu penso que nos devemos considerar felizes pois são boas as nossas relações recíprocas,como aquelas que mantemos com os nossos filhos e neyos,e até com aqueles que os nossos lilhos foram escolher para companheiros.Com a minha velha costumeira de deitar contas aos dias,verifiquei que estes 45 anos de união representam 16.436 dias e só faltam 1.827 dias para chegarmos aos 50.Que Deus permita lá chegarmos com saúde e alegria.Beijos com muita ternura e gratidão José. P.S. reparei agora como afinal foi fácilpassar estes 45 anos:de 1938 para 1983 bastou inverter os dois algarismos finais.
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5 comentários:
O pai tinha realmente uma enorme ternura pela mãe. Apoiava-se, como todos nós, no grande equilibrio e bom senso dela. Felizmente, para ele partiu antes. Não sei se teria aguentado ficar sem ela.
Ainda no passado Domingo uma das tias me perguntava se me lembrava do Avô Zé, e não, não me lembro. Mas ele lembrava-se de mim (sou o 11º dos 12 netos de então).
Coincidência ou não, vejo que o meu pai tem coisas do pai dele: quem mais se lembraria de contar os dias que faltavam para os 50 anos de casado? E tal só me pode dar alegrias, pois de certeza que tenho eu também um bocadinho do Avô!
Eu postaria pelo Miguel que é o 12º.
O que vos posso dizer é que é para mim complicado fazê-lo.
O facto de termos estado 9 anos sem filhos (a educação sexual era o que era, e o calendário baralhou anos com meses) provocou quando o Miguel nasceu um impacto importante no Avô.
Ainda cá existe em casa (provavelmente num dos caixotes da mudança ainda não desmanchados) papel de uma pastelaria que abriu nessa altura e que nem sei se ainda existe na Rua Capitão Leitão (pastelaria Miguelito) e que o avô trouxe e nos deu.
Pró Eduardo (e para todos) Não tens um bocadinho, tens um bocadão.
Obrigado a todos. Estou muito contente!!
Eu não me lembro do avô... mas tenho uma sensação! parece que tenho uma imagem guardada de um qualquer dia... vejo o avô deitado na cama... Não sei se será uma imagem criada ao longo do tempo, ou uma imagem verdadeira!
Faço minhas as palavras do eduardo... o avô viu-me quando eu era "piriri". Fui o 10º!!!
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