26 novembro 2005

a Brincolage mais à frente

No fim de semana passado o Murat e eu fomos passear a um parque natural que fica a cerca de 50 (?) kms de Malmö. Estava um dia fantástico, bastante frio mas com muito sol, e uma visibilidade excelente. o passeio foi óptimo. mas o mais fantástico, foi um local no mínimo bizarro, que o Murat me foi mostrar: há um tipo que leva a Brincolage muito mais a sério do que tu, tio Caú!!.
pois senão ora vejam:
em 1980, num pequeno recanto do parque natural, mesmo à beira-mar, o tal de Lars Vilks começa a construir uma estrutura com pregos e restos de madeira, à qual chama "Nimis" (vem do latim, quer dizer "demasiado" (?) ). em pleno 2005, 25 anos depois, o tipo ainda para lá anda, encosta acima e abaixo, a pregar pedaços e restos de madeira.
o resultado é qualquer coisa de mirambulante:















































(o acesso desde o caminho pedestre do parque natural é de cabras, 500metros de descida íngreme, e difícil... imaginem o Vilks a fazer isto todos os dias para trabalhar na sua escultura :-))

Pois, e se pensavam que depois disto não havia espaço para mais excentricidade, pois tenho a dizer-vos que ... ainda agora começámos!: uma outra escultura, desta vez feita de pedra e betão, está construída perto da linha de costa, ao lado da Nimis: chama-se Ark e tem este aspecto:
















Se olharem com cuidado, podem ver que cada pedra tem um número pintado a tinta branca. Pois esta escultura é, nada mais nada menos, do que um livro! Claro!!! Como é que não nos lembrámos ...???
O tipo da escultura lá andava a alegremente a martelar de um lado para o outro, e não resistimos a meter conversa com ele. Claro que aquilo era um livro, e à pergunta do Murat acerca do tema, ele lá respondeu que dependia do ponto de vista do leitor, mas que era assim um bocado aborrecido, porque era meio filosófico. Característica especial é que não dá para "virar" as páginas do livro, é o leitor que tem de se mexer :-).

Quando achámos que a excentricidade tinha atingido o limite do dia, do mês, do ano, não é que o Lars lá nos começa a contar que nos encontrámos num país distinto, em que teoricamente teríamos de ter apresentado passaporte. ...qué.....? ....importa-se de repetir?.....pois, tínhamos pisado solo da Ladónia (quase dá para confundir com a terra do Pai Natal), e estávamos a falar com o State Secretary! bem comentava o Murat que aquele deve ser o State Secretary mais activo de toda a história da humanidade, hehehehe - o homem martela tudo sozinho!.
A história da Ladónia é curiosa. Tem 12.000 habitantes, e quase tantos outros ministros - alguns de nacionalidade portuguesa! O Lars ficou contente de ter tido a visita de duas delegações internacionais, de países tão importantes como a Turquia e Portugal .
O mais fantástico de tudo é que o Lars me pareceu uma pessoa perfeitamente normal. Um discurso inteligente, uma pessoa com pica e dinamismo. Um tipo novo (deve ter começado no martelo aos 20anos...) É de se ficar perplexo.... O homem é um artista, dá aulas de arte, e viaja imenso, segundo ele próprio.
Se estiverem interessados, a história completa está em www.ladonia.com. Quem sabe algum dos baratas não se quererá tornar nacional da Ladónia? :-)
Acho que só apetece acabar com a expressão do Fernando Peça: "E esta hem?"

PS - hoje começou a nevar! o chão ainda não fica branco, a neve derrete logo. o dia esteve soturno, cinzento e ventoso. mas os baratas não se intimidam!!! :-)

3 comentários:

cbarata disse...

Que maravilha!! Estava a ler isto (que eu gosto de ler) e ia-me lembrando de coisas para dizer. E agora ...barreu-se-me. Eu, que não tenho grande sentido prático da vida, tenho fascínio por coisas inúteis. Essas hiper-esculturas começam por ser inúteis mas, depois, a sua dimensão fora de comum transforma-as em coisas bonitas, úteis para alegrar a alma. Aqui há muitos anos eu fazia puzzles enormes, o que eu acho ser das coisas mais inúteis do mundo, e ria-me com o sentimento íntimo de andar a fazer coisas trabalhosas que não serviam rigorosamente para nada. Depois, infelizmente, curei-me.
Agora, últimamente, ando por aí a escrever nuns blogs, a perder tempo, a filosofar baratamente, a entreter ou chatear família e amigos mas contente por isso. Por perder tempo e não ter que dar satisfações a ninguém.
Beijinhos Joana. Escreve muito.
A foto do "Adorável Homem das Neves" parece que está suja mas, afinal, é neve!!!

Rita disse...

Ah, eu já tinha visto estas esculturas malucas na televisão, há já algum tempo!
E gostei muito de ver o tio Jéjá sorridente à neve! :)
Beijinhos prós Suecos emprestados :**
(ontem ao final da tarde estavam 6ºC cá! brrrrrrrrr)

Lena disse...

O ciber jéjá já parece Ladonês ou Ladonense ou Ladonio ou Ladoninho. Talvez ele, que gosta de aventura, se queira candidatar a próximo presidente. O actual foi eleito com 20 votos, não deve ser dificil conseguir mais 1 ou 2.
A família ficava reconhecida por mais um destino de férias, ainda por cima presidenciais.