O meu pai nasceu na Sertã faz hoje 95 anos. Por essa altura a mãe dele estava quase a fazer 40 anos e o pai tinha 41. Quando eu nasci a minha mãe estava quase a fazer 40 anos e o meu pai tinha 41. Não dá para acreditar!!
Acabam-se aqui as coincidências. Os irmãos tinham , nessa altura, 18, 13, 12 ,8 e 4. Como é que terão reagido ao aparecimento daquele novo pimpolho? Como seria ter um 6º filho na Sertã em 1911.
Sempre achei que a juventude da minha mãe foi a sépia e a do meu pai a preto e branco. A minha mãe viveu sob a influência cosmopolita de Lisboa e o meu pai na Idade Média da Sertã. É isso que me parece nas minhas “profundezas”, para além do que possa ter acontecido na realidade. A minha mãe parece ter sempre vivido a mesma vida, numa continuidade lógica e o meu pai teve várias. Veio da obscuridade daqueles colégios “copperfieldianos” e do quarto com ratos de Coimbra até à Almada do século XX e ao filho com cabelo pelos ombros.
Um dia quis-me convencer a estudar para eu fazer um sétimo ano (equivalente ao 12º ano) descansado e andou comigo durante horas por Tomar. Quando queria enfatizar o discurso parávamos, agarrava-me por um braço e dizia-me, por exemplo, que o pai dele, que era tão seu amigo, nunca lhe tinha dado um beijo. Era assim a vida na Idade Média do meu pai. Noutro momento disse-me que a minha mãe tinha uma afectividade linear enquanto a dele era de exageros e sobressaltos. Ele conhecia-se!
Tenho muito orgulho no meu pai e tenho saudades dele.
Tenho muito orgulho dos traços dele que descubro em mim.
E pronto!
PS: É verdade! Quando daquela conversa do sétimo ano eu não lhe prometi nada e ele ficou ofendidíssimo.
Acabam-se aqui as coincidências. Os irmãos tinham , nessa altura, 18, 13, 12 ,8 e 4. Como é que terão reagido ao aparecimento daquele novo pimpolho? Como seria ter um 6º filho na Sertã em 1911.
Sempre achei que a juventude da minha mãe foi a sépia e a do meu pai a preto e branco. A minha mãe viveu sob a influência cosmopolita de Lisboa e o meu pai na Idade Média da Sertã. É isso que me parece nas minhas “profundezas”, para além do que possa ter acontecido na realidade. A minha mãe parece ter sempre vivido a mesma vida, numa continuidade lógica e o meu pai teve várias. Veio da obscuridade daqueles colégios “copperfieldianos” e do quarto com ratos de Coimbra até à Almada do século XX e ao filho com cabelo pelos ombros.
Um dia quis-me convencer a estudar para eu fazer um sétimo ano (equivalente ao 12º ano) descansado e andou comigo durante horas por Tomar. Quando queria enfatizar o discurso parávamos, agarrava-me por um braço e dizia-me, por exemplo, que o pai dele, que era tão seu amigo, nunca lhe tinha dado um beijo. Era assim a vida na Idade Média do meu pai. Noutro momento disse-me que a minha mãe tinha uma afectividade linear enquanto a dele era de exageros e sobressaltos. Ele conhecia-se!
Tenho muito orgulho no meu pai e tenho saudades dele.
Tenho muito orgulho dos traços dele que descubro em mim.
E pronto!
PS: É verdade! Quando daquela conversa do sétimo ano eu não lhe prometi nada e ele ficou ofendidíssimo.
7 comentários:
Eramos ambos os benjamins das respectivas famílas. Ele achava muita graça a isso.
De resto todos herdámos alguma coisa dele. Uns, a fisionomia, outros, as manias e até algum mau feitio (sito) que o atacava por vezes, embora passasse depressa.
Só não herdámos os caniços, os pés secos e as mãos magras e peludas.
Acho que posso afirmar que tinhamos uma boa relação. Era um pai muito amigo.
Também tenho muitas saudades dele! Bem podia cá estar estado mais tempo.
Bem tio o texto tá muito giro. Adoro ler os seus textos!!
Quanto ao avô Zé eu não o conheci, mas adorava ter conhecido.
Beijinhos ***
O meu Pai e eu sempre tivemos uma relação um pouco complicada, que a minha Mãe explicava com com a semelhanças de feitios, embora, na altura, eu não assumisse isso de bom grado. Lembro-me (lembram-se?) das nossoas idas á praia ao fim de semana. Normalmente começávamos o dia a ir á missa á Igreja de S Francisco, ás 8 h. e 30 m.Depois metiamo-nos todos no carro com o respectivo pic-nic para todos, que era comido em sítios muito bem escolhidos pelo Pai Barata.`´Iamos á praia da Nazaré, Figueira ou S. Pedro de Moel, que eram a uma distância de 70 a 100 kms, e ao fim do dia lá regressávamos. O Carlos Augusto, que enjoava muito de carro, pedia encarecidamente para ficar em casa, e muitas vezes ficava. Quando recordo estas saídas penso no sacrifício que o Pai fazia nestas saídas, pois ele gostava mesmo era de estar sossegado, mas fazia isto para nos arejar. Obrigada Pai por estes e outros sacrifícios que fez por todos nós.
Saudades tenho e muitas como todos os que conheceram o Avô Zé.
Fico muito "vaidoso" quando a Lena diz: - Tens tanto do meu pai...
Já não acho muita graça quando ela diz: - Bolas, pareces o meu pai...
Um dia eu talvez vos conte umas estórias "nossas"...
Só me lembro um bocadinho do avô Zé, mas já não sei se não é mais por causa das fotografias do que pela minha (péssima) memória.
Fiquei a saber montes de coisas com este post, como por exemplo, que o avô tinha mais 5 irmãos, todos mais velhos... tchinapah!
Quando escrevo estes posts imagino os meus irmãos, que sabem tanto ou mais que eu destas coisas, e imagino os analfabetos destas coisas que, penso, devem achar graça a este "culto da personalidade" pelas pessoas que nos enformaram e informaram e de que nós gostámos tanto.
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