Respondendo ao gritado apelo do Tio cbarata, volto a dirigir-me aos estimados familiares, desta vez oferecendo um serviço que classifico (na minha modesta apreciação) como sendo de valor acrescentado. Trata-se, nem mais nem menos, do que uma despretensiosa crítica restaurantina, na senda do lema "partilhando é que a Bola vai girando" (a Bola como mundo, advinharam). Tendo em conta a época anual que vivemos, isto é, de preparação natalar lembrei-me que um facto indesmentível é a atracção que os grandes espaços de comércio intenso, vulgo centros comerciais exercem. Agarrando como um íman o incauto consumidor, estes espaços apresentam em complemento de oferta uma área dedicada à restauração, aliás deveras diversificada. Coloco-me assim na pele do nobre familiar percorrendo (exemplarmente) esse templo do consumo que é o Colombo, acelerando entre a compra do slip 100% lycra e do piúgo 100% lã mas que vem um pouco afibralhado e a típica vela de ocasião com ou sem cheiro. Ora o mais natural, é o digno familiar assim embuído do frémito consumista relegar para segundo plano os sinais estomacais e, na evidência destes se tornarem gritantes, deparar-se com a necessidade urgente de satisfazer as carências alimentares.
Nesta perspectiva, surge ao visitante, e ocupando uma volumetria que poderíamos comparar ao tradicional "quarteirão", um verdadeiro oásis da degustação rápida - o espaço de restauração McDonald's.
Apresentando o tradicional balcão corrido, aqui de generosas dimensões para dar vazão ao afluxo de esfomeados consumistas, o McDonald's do Colombo apresenta o espaço de assentamento dividido entre o piso térreo e um mezanine que empresta uma terceira dimensão ao local. A mesendação aposta no alumínio "Flash Bright" contrastando com o vermelho "Passion Rose" dos tampos da mesa. O toalhame, como cobrição da tábua mesar, é inexistente uma vez que este restaurante recorre ao tabuleiro de manufactura plástica, este sim ornado com uma folha de papel multicromática e normalmente publicitária, como protecção higiénica e decorativa. Em complemento de oferta, a área de manjação disponibiliza alguns balcões ao estilo "Snack" decorados na mesma cromatomia, mas oferecendo auscultadores de música em conpensação da degradação do conforto.
A carta de opções para degustação está ausente na versão impressa, encontrando-se projectada em ecráns "Flat Neon", aliás com visualização pictorial do produto final que será servido. A predictibilidade das opções do menu são uma mais, ou menos valia dependendo do ponto de vista. Por exemplo, se num país ocidental o esfomeado personagem poderia ter a opção de escolher um menú mais variado noutro qualquer espaço de restauração, em países onde a Língua é menos acessível, digamos, no Japão, o mesmo carente alimentar saberá optar sem dificuldade pela escolha correcta.
É de realçar, contudo, o esforço do restaurante em disponibilizar uma oferta cada vez mais direccionada para a cultura vigente. Por isso, enquanto em tempos anteriores os entrantes estavam ausentes da carta, neste momento, aos comensais, já é possível seleccionar por entre uma escolha de sopas tradicionais e assim preparar o leito estomacal para o pitéu que se seguirá.
As peças de resistência diversificam entre diversas formas da habitual sanduíche de carne picada, ou do aviárico galináceo, tipicamente acompanhadas pelas padronizadas batatas fritas apresentadas em envelope de cartolina. É, mais uma vez, de saudar o facto de, em devido tempo, passar a constar do menú um conjunto de soluções saladares embora haja que ter em atenção ao
molhame. Isto no caso do estimado familiar leitor estiver a pensar tomar o atalho da chamada comida saudável.
Para os mais novos o McDonald's avança a conhecida "Happy Meal" onde para além da opção entre as sanduíches de carne picada, estão disponíveis também os fritos palitares de frango e peixe. Esta opção de menú vem acompanhada de uma pequena oferta dedicada aos jovens, sendo o tamanho das doses ajustado ao público-alvo.
Para as finalizações, o McDonald's propõe uma variedade de gelados ou ainda a tarte de maçã ao estilo germânico (aqui há que ter em atenção às quenturas pois a temperatura de servidão é alta). O café, mais uma adaptação à cultura local, é servido em quiosque localizado anexamente ao restaurante, com vigência exclusiva da apreciada variedade "Expresso". Neste espaço, é também possível encomendar outros complementos como sejam os gelados, biscoitos e bolos de diversos tipos.
Ao nível da garrafeira, prima-se pelo vazio, sendo, seguramente, um ponto a melhorar. A oferta para acalmar as securas gravita em torno das bebidas gaseificadas, assim como sumo de laranja (não 100% natural) e cerveja.
Voltando-nos para a serventia, o restaurante regula-se por uma variação do regime de auto-serviço, em que o esfomeante é atendido no balcão onde estão equidistantemente distribuídas as diversas caixas de pagamento. A simpatia do atendimento, regra geral, pauta-se pela normalidade, previligiando-se a rapidez, o verdadeiro paradigma desta cadeia de restauração. Não é corrente oferecer gratificação, embora existam pequenos recipientes em acrílico "Crystal Clear" para o efeito.
No dia da visita optou-se pelo "McRoyal deLuxe" - sanduíche de carne picada servida com rodela de tomate e folha de alface e aconchegada com maionese. A confecção do picado correspondeu ao esperado não apresentando defeitos. A batata frita de acompanhamento apresentava a fritura no ponto e o correcto escorrimento do óleo da mesma. Os molhos servidos não deslumbram na qualidade mas também não oferecem críticas, embora a abertura das embalagens continue a ser um processo a melhorar pois raramente não deixa vestígios de produto nos dedos. Para sobremesa, o caminho escolhido foi um gelado "Sundae", de caramelo, confirmando o McDonald's como sendo, na modesta opinião deste vosso escriba, o ex-libris neste tipo de gelado. No final, o café foi servido em chávena correctamente aquecida, e sem reparos.
No que à algibeira diz respeito a refeição completa no McDonald's rondará os 5-6 Euros, parecendo-me uma retribuição equilibrada.
Para arribar às conclusões, aponta-se o McDonald's como uma solução balanceada dentro dos parâmetros esperados e tendo em conta o fito inicial que se apresentou. Sejam os desejos vocacionados para uma gastronomia mais desenvolvida e menos pressionada em tempo, outro tipo de alternativas se apresentam e cá estarei para direccionar os respectivos vectores de orientação.
15 dezembro 2005
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4 comentários:
Hehe... o meu pai teve um desgosto quando o seu plano de colocar um outdoor ali na saida da Ponte 25 de Abril, direcção Norte-Sul, foram gorados pelo franchising da Praça S. João Baptista.
Teria ficado bem:
"Concelho Livre de McDonnalds"
(entretanto surgiram mais uma mancheia deles)
As batatas são com certeza adicionadas de substâncias viciantes, mas enquanto não se juntarem a tantas outras cadeias com um veggie ou beanburger estão fora da minha lista.
Enfim, é um bocado parvo ser-se vegetariano e ir comer ao reino da carne "quanto mais e mais barata melhor". Mas eu realmente nunca fui muito esperta.
Eu ia saudar a verve do Miguel Aéreo mas, atónito, reparo que a minha filha Rita fala por ali em vegetarianismo. Também tu? Não acredito, e aceito mal essa hipótese. Não te quero a visitar-me no meu "Lar p'aidosos", capaz de me levar feijões em vez de chouriço, cozido à portuguesa de couves e cenouras e sei lá que mais. Comer pouca carne sim, nenhuma..nunca!!
Miguel: Eu sou completamente anti Macacadonald! O conceito é o "porquê variar se se pode comer sempre a mesma coisa?". Eu sei que eles sabem como dar a volta aos acontecimentos e fazer o que, em cada momento, o consumidor vai querer. Mas por muitas razões de todos os tipos, prefiro o produto nacional à globalização dos óleos gordos.
Isso não impede que ache o teu texto exemplar de humor e um marco deste blog que eu estimo tanto. Parabéns!!
Eh pá, então não é que levaram isto a sério? Achei tão sómente que seria no mínimo original uma crítica gastronómica a qualquer coisa que toda a gente conhece. Efectivamente foi mais um serviço de "distracção" do que de informação. Prometo que da próxima vai sobre um restaurante "a sério" (ora bolas, e eu que já gastei uns "aéreos" a comer um pito, com a família, no Sr. Frango da Guia para balizar a próxima critica restauranteira...).
Será que eu levei mesmo a sério? Eu apenas dei uma opinião a sério!!!
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