A NOSSA, MINHA E DA MADALENA, SEMANA NA NACIONAL 2
(Entre 10 e 17 de agosto de 2019)
antes disso..
Não é a primeira vez que fazemos aventuras destas. Em 2012 fomos de Lisboa a Santiago de Compostela, 2013 viemos de Madrid para Lisboa e em 2014 fizemos Paris- Mont Saint Michel. Depois, circunstâncias familiares obrigaram a uma interrupção que durou até este ano.
Os trajectos sempre foram organizados por mim, de volta dos mapas e percursos que estão na internet. Tudo isso, excepto precisamente este ano, tem sempre grande margem de improviso. Este ano o itinerário estava definido à partida: a estrada nacional nº2, N2, que une o país de norte a sul pelo interior, de Chaves a Faro numa distância de 720km. A N2 é uma estrada histórica do início dos anos 30 do século XX que, ao longo do tempo foi sofrendo bastantes transformações. Por exemplo, a numeração dos quilómetros diz-nos que o km final, em Faro, tem o numero 738 mas, na realidade, terá 720. Porquê? Porque o desaparecimento da N2, afundada na barragem da Aguieira, e o englobamento num Itinerário Principal na zona da Sertã, Vila de Rei e por diante, encurtou a distância. Sem estar a dar muitos pormenores veja-se a curiosidade de um troço, entre Torrão e Odivelas (do Alentejo), só ter sido alcatroado em 2010.
Foi o desafio de a fazer de bicicleta, mais a minha rapariga, que me entusiasmou há uns tempos atrás. Quando percebi que a N2 tinha entrado na moda esfriou um bocado o meu entusiasmo mas acabámos por fazê-la, em boa hora!!
A logística é simples. Bicicletas (óbvio) de estrada, um par de pernas para cada uma delas, um espírito tolerante, uma mochila muito confortável que leva: uma muda de roupa e calçado para sair socialmente quando acaba a pedalada, um saco com utilidades múltiplas (higiene e beleza(?), molas de roupa, detergente, carregadores de telemóvel e uma multidão de etecéteras), bloco de apontamentos, um livro levezinho, um impermeável,não usado, e não sei mais quê. A roupa é lavada todos os dias quando chegamos aos hotéis ou pensões onde vamos ficar. Locais esses que nunca são reservados com muita antecedência pois o destino é definido de acordo com a disposição ou cansaço previsíveis em cada dia.
Dia 0, sexta, Ida para Chaves
- Neste caso havia ainda a deslocação para o início da viagem em Chaves. Daí a presença de um dia 0. Depois de alguma dificuldade em perceber como o faríamos optámos por ir no autocarro Expresso que faz carreira entre Lisboa e Chaves com transbordo no Porto. Para isso foi necessário embalar as bicicletas, (não as deixam ir de outra maneira), em dois caixotes de papelão que fomos pedir à decathlon. Após uma “deliciosa” viagem de seis horas e tal, mas que se passou melhor do que parecia, chegámos a Chaves por volta das 17:30.
Desembrulhámos as bicicletas e fomos para a residencial São Neutel onde dormiríamos. Ao jantar fomos ao Faustino. Diga-se, neste momento, que o jantar é uma das coisas mais importantes destas jornadas, é antecipado com muita ansiedade pois aparece como um prémio merecido depois do esforço. Este Faustino, que eu já conhecia, correspondeu muito bem. Rim salteado, que é raro encontrar e de que eu gosto muito, e filetes de polvo. Aprovadíssimo! Dormir cedo.
Dia 1, sábado, Chaves-Lamego 107km
Fotografias no km 0 e primeira pedalada às 9:01h. Sabíamos que estes primeiros dias iam ser bastante duros pelas constantes subidas e descidas que a região norte tem, mais do que o sul. Logo depois de Vidago e Pedras Salgadas tivemos uma subida que nunca mais acabava com a agravante de, por deficiente informação do preparador da viagem, eu, ter sido bastante inesperada. Mas com paciência e algum esforço lá fomos andando até Vila Pouca de Aguiar e, depois, Vila Real, onde fizemos uma demorada paragem. Almoço, sempre frugal e práctico, numa esplanada da praça principal com um tempo magnífico e muito bom ambiente.
Seguimos depois para o destino do dia com a passagem por Santa Marta de Penaguião e Régua, com muito soooobe e desce e as paisagens extraordinárias do Douro Vinhateiro. Antes da chegada a Lamego tivemos uma subida de 12km onde fomos bafejados por um furo na roda da frente da bicicleta da Madalena. Era mesmo o que estava a apetecer. Mudámos a câmara de ar e esgotámos a nossa reserva de CO2, o que se viria a revelar muito importante, como se verá. Para quem não sabe o CO2 são umas ampolas com ar comprimido que, aplicadas nas câmaras de ar, as enchem instantaneamente e com elevada pressão. Resolvido o problema continuámos até ao Hotel S. Paulo, em Lamego, para o merecido banho e tarefas de final de jornada pedalística. Diga-se que estes banhos são os melhores que se podem tomar durante o ano inteiro, tal o prazer que a água lavada dá ao nosso corpinho depois do desgaste muscular.
Saímos para o jantar, na agradável Tasca do Porfírio, que já conhecíamos, e depois demos um pequeno passeio. Deitar cedo!
Dia 2, domingo, Lamego-Santa Comba Dão 111km
Como no Hotel S.Paulo o pequeno almoço só era servido a partir das 8horas estivemos, sossegadamente, a aprontar o material circulante para sair o mais cedo possível. Uma confusão qualquer com o pão atrasou o pequeno almoço e atrasou-nos a nós que só conseguimos começar a andar perto das 9:30h, também por causa do ritual diário do café, imprescindível para o funcionamento da Madalena.
Primeira tarefa: subir até ao alto de Bigorne que, com os seus 975 metros, é o ponto mais alto de toda a N2. Seguiu-se a descida até Castro Daire com uma primeira paragem para meter água e algum reforço alimentar. O Rio Paiva corre lá nas profundezas, tem uns recantos bonitos por essa descida abaixo e depois, toca a subir. É assim até Viseu. Se já estão cansados com tanto sobe e desce, nós também. Aguentemos..
Em Viseu, não digam a ninguém, fomos ao McDonald’s. Ficava em caminho, já eram 14:30 e era práctico e rápido. Completámos a jornada com a ida até Santa Comba com descida ao Fail e passagem por Tondela. Caminho alegre e tendencialmente a descer. Se forem fazer a N2 de bicicleta não se fiem nesta facilidade. O tendencialmente é muito optimista.
Tinha já telefonado para a pensão Cecília e falado com o Sr. Pedro Melo que me fez a reserva de um quarto. Chegados à morada vimos um papel à porta com um texto de despedida e fim de negócio, onde o dito Sr. Pedro se despedia dos seus fregueses, ao fim de 43 anos de actividade, por razões de saúde. Um bocado assustados com esta partida telefonámos novamente e o Sr. Pedro logo apareceu e nos levou ao nosso quarto que constituiu a coisa mais modesta em que ficámos. Tudo exemplarmente asseado mas com mobílias e espaço que já não se usavam. Valeu a simpatia do hospedeiro e o preço. Havia festa, era domingo e fomos jantar ao “Bom regresso” um jantar sem grande história ressalvando o aparecimento do Manuel Esteves, nosso companheiro da natação, que estava de férias na casa dele no Vimieiro. Insistiu para irmos lá para casa mas lá negociámos a recusa com a promessa de, brevemente, lá irmos passar um tempo. Dormir. Até amanhã!
Dia 3, segunda-feira, Santa Comba Dão-Olho Marinho (próx.) 50km
Como já disse, a N2 é muito complicada de perceber nesta zona. Ela desapareceu, afogada na barragem da Aguieira, durante bastantes quilómetros e o IP3 absorveu o percurso que não é permitido a bicicletas. Fomos, por isso, direitos a Mortágua, passámos a barragem onde tirámos mais umas fotografias e seguimos por uma estrada lindíssima junto ao Mondego até Raiva e Penacova. Quando nos despedimos do Mondego, antes de Vila Nova de Poiares, há uma subida que fica marcada no nosso orgulho ferido. Terá cerca de dois quilómetros e é tão íngreme que nos pareceu mais assisado desmontar e, vergonhosamente, empurrar as máquinas por ali acima. Acontecimento único em toda a viagem.
A seguir a Poiares e ao km 261 a Madalena tem o seu segundo furo e acontece uma das coisas mais divertidas da viagem. Como foi dito aquando do primeiro furo, sem o CO2 que tínhamos gasto nessa ocasião e sem bomba de ar, podíamos mudar a câmara mas não a poderíamos encher. Ora, no dia anterior, o Miguel (Simões) tinha telefonado e tínhamos vagamente combinado que, na zona de Silvares, onde iríamos passar, ele iria à estrada para estar um bocadinho connosco. Eu já lhe tinha telefonado mas não tive resposta. A Madalena perguntou-me, enquanto substituía a câmara de ar, se eu já lhe tinha telefonado, disse-lhe que sim e que não tinha tido resposta e, nesse momento, o Miguel telefona. Disse-lhe onde estava e percebemos que estavamos mais ou menos a seis quilómetros da casa deles.
Apareceu uns minutos depois com o Mário, uma bomba de ar e outras utilidades para a viagem. Grandes saudações e o Mário começa, numa manobra de persuasão, a convidar-nos para o almoço, que a mãe dele fazia anos e tinha feito uma chanfana. E nós, com a consciência do nosso dever, em sucessivas recusas. A certa altura, sem eu perceber muito bem como, a Madalena já dizia que sim, não só ao almoço mas também à dormida.
E assim foi que, com muito agrado nosso e espero que não só, passámos até ao dia seguinte em magnífico convívio com o Mário, a Lena, a avó Clara, o Miguel, a Raquel, as minhas sobrinhétas Maria Miguel e Matilde e a Clara e o Marco. Muito bom.
Dia 4, terça-feira, Olho Marinho (próx.)-Sardoal 119km
Acordados cedinho, pequeno almoço tomado e despedidas feitas, lá fomos, transportados pelo Miguel e a assessoria do Mário,
para o local onde tínhamos parado no dia anterior. Caminho muito agradável até Góis e toca a subir a Serra da Lousã e gozar do belo panorama. Mete um bocado de respeito mas lá fomos, metro a metro, galgar o desnível ao longo de 14km. Ao contrário do que antecipáramos não foi assim tão difícil e depois, à nossa espera, tínhamos a correspondente descida para recuperar as energias.
Passámos Álvares, que não conhecíamos, e seguimos para Pedrógão Grande. Parámos na barragem do Cabril, que é outro ponto que vale a pena ver e almoçámos, numa bomba de gasolina em Pedrógão Pequeno, umas fantásticas sandes de presunto.
Uns 20 km depois, com mais uma subida tramada a “animar” o percurso, chegámos à Sertã. O primo Joaquim Eduardo tinha oferecido insistentemente guarida a qual nós, educada e insistentemente, recusámos. Explicámos que estávamos ali com uma “missão” e que a nossa estadia poderia prejudicar os nossos propósitos. Ficou a promessa de uma visita para breve.
Ao atravessarmos a Sertã parámos para consultar o percurso que nos aparecia um bocado confuso. Somos então abordados por um rapaz que nos perguntou se precisávamos de alguma coisa. Na conversa subsequente chegou-se à conclusão que era também ciclista, com alcunha de Paulo Papaléguas e que até tínhamos conhecimentos comuns. Foi ele que nos explicou onde passava a escondida, naquele sítio, N2 e nos evitou uma volta sem jeito nenhum que nos preparávamos para fazer. Obrigado!!
Saída da Sertã e, poucos quilómetros depois, entrámos no IP que nos iria levar até Abrantes no dia seguinte.
Ia eu na frente quando o meu telemóvel toca, fui ver quem era e era a Madalena a comunicar-me o terceiro furo. Para acabar com qualquer suspense diga-se desde já que foi o último. Voltei para trás uns 500m e lá estava ela, com excelente sentido de colocação, numa bomba de gasolina. Mudámos a câmara de ar, (diga-se, mudou. Ela é que é a habilidosa), enchêmo-la e fomos beber uma coca-cola. Quando voltámos parecia à mecânica Madalena que a roda estava meio vazia. Andámos no enche-desenche até que eu, já um bocado farto, disse que ia mesmo assim. E assim foi, até à chegada a Faro não houve mais problemas desse tipo.
Com tudo isto estava a ficar muito tarde. A nossa regra de ter como limite as 4 da tarde para se viajar estava completamente furada. Passámos Vila de Rei e só às 19h chegámos ao final da jornada no Sardoal.
Ficámos num alojamento local muito simpático dirigido por um, também simpático, hospedeiro, chamado Óscar. Sujeito tímido e interessante com quem conversámos um bom bocado e que dirige uma tentativa de fazer um coro vocal no Sardoal. Telefonei para o Miguel Borges, que é o presidente da Câmara local, meu ex-colega na Academia de Amadores de Musica, mas ele estava fora, de férias, e o mais que fez foi recomendar-nos o restaurante onde jantámos, muito bem, e que se chama “Quatro Talhas”, no centro do Sardoal e muito perto do nosso alojamento.
E finalmente acabou o dia mais “violento” de toda a viagem. Quase 120km muito difíceis e com algumas contrariedades. Abençoada caminha!!
Dia 5, quarta-feira, Sardoal-Mora 86km
Tomamos o pequeno almoço num café próximo e, com o alívio antecipado de fazermos uma jornada mais curta, relaxámos até às 9:15h. Velocidade supersónica até Abrantes porque é boa estrada e sempre a descer. Passámos o Tejo e despedimo-nos das subidas intermináveis. Apesar de ainda haver algumas, como o troço a seguir à Bemposta, a seguir a Montemor e mais uma ou outra coisinha, acabaram-se os rebenta-pernas que a N2 tem a norte. Já nem a Serra do Caldeirão nos metia medo e percebemos que, salvo qualquer problema, iríamos chegar a Faro.
Neste dia, com um pouco mais de calor que o habitual, passámos a Bemposta, Ponte de Sor e fizemos uma longa paragem no restaurante do Parque de Campismo de Montargil, local onde se estava muito bem e onde estivemos a marcar, por telefone, as nossas dormidas para os próximos dias. No nosso percurso futuro não havia muitos alojamentos e estava a ser muito difícil encontrar vagas para onde queríamos.
Mas tudo se resolveu, a começar por este mesmo dia em que ficámos em Mora, no Hotel Solar dos Lilases.Uns níveis acima dos dias anteriores, num pequeno palacete urbano com interiores muito bem conservados e excelente gosto. Tivemos direito a uma suite com tectos pintados, mobiliário antigo, cama de dossel e outros luxos que ainda não tínhamos experimentado na viagem. Isto para além de uma pequena piscina onde acalmámos o calor e descontraímos longamente. Devia ser sempre assim!
Jantámos no “Morense” porque o nosso conhecido “Afonso” estava fechado. Mas safámo-nos muito bem com belíssima comida alentejana. Passeio, café no largo e dormir.
Dia 6, quinta-feira, Mora-Odivelas (do Alentejo) 108km
Acrescentando ao que se disse acerca do Hotel refira-se que o pequeno almoço foi exemplar, tanto na qualidade dos produtos como na baixela, alfaias de auxílio à alimentação e a própria sala, em tons de vermelho, que era um encanto de se ver. Apesar da hora (7:30) não deixou tudo de ser devidamente admirado por nós.
E foi com o descanso mais prolongado, pois no dia anterior acabámos mais cedo, que partimos às 8:12, para aproveitar mais o fresquinho, direitos a Brotas, Ciborro, com o km 500 dentro da povoação com o devido destaque e, 40km depois, Montemor o Novo.
Em Montemor fizemos um desvio, para compras estratégicas, ao Intermarché. Comemos o segundo pequeno almoço, descansámos algum tempo e seguimos caminho. Santiago do Escoural, depois de subir e descer uma serrania qualquer, e Alcáçovas onde almoçámos rapidamente num tasquedo qualquer. Seguiu-se Torrão, deserto àquela hora e onde “tomámos banho” no chafariz do largo e a partir daí foi andar em sossego até ao destino do dia, Odivelas, onde chegámos pouquíssimo depois das 15h e com uma temperatura de 39°. Explico aqui que as bicicletas são descapotáveis e que a velocidade “vertiginosa” não deixa perceber este exagero. Só quando parámos é que vimos a brasa que estava.
Tal como no dia anterior, ficámos num Hotel muito bem equipado. Demos valor à agradável piscina, com um serviço de mesa irrepreensível e onde se passou uma tarde excelente.
Jantámos no Hotel, Hotel “O Gato”, por estar situado no Vale do mesmo nome. Mais uma vez comemos bem e em bom ambiente. Demos um passeio por Odivelas que nos surpreendeu por ser maior do que poderíamos pensar e, sobretudo, pelo desnível que há entre o centro e as pontas. É uma autêntica borbulha no meio daquela paisagem.
Às 23h já dormíamos.
Dia 7, sexta-feira, Odivelas-Almodôvar 83km
Como a feliz jornada em que ficámos em Serpins teve só 50km o projecto inicial de fazer tudo em 7 etapas foi abandonado, o que permitiu tiradas mais suaves. Ainda bem para o nosso bem-estar pois, assim, os dois últimos dias foram bastante mais descansados e conseguimos fazer tudo com mais calma.
Depois de um bom pequeno-almoço saímos às 8:16 para atacar as longas as rectas alentejanas que nos levaram por Ferreira do Alentejo, Ervidel e Aljustrel onde, para manter a tradição, tomámos mais um pequeno almoço, continuando até Castro Verde e depois Almodôvar, nosso destino do dia. Caminho fácil que ajudou a que chegássemos antes das 13:30.
Ficámos no Hotel Serafim, coisa limpa, agradável e baratíssima, sem piscina mas com a simpatia da D. Maria de Jesus. Como era muito cedo o nosso quarto ainda não estava pronto e aproveitámos para ir almoçar. Entretanto, com o quarto disponível tomei um banho de imersão na falta da piscina a que já me tinha habituado. Mais tarde fomos turistar em Almodôvar e, perto das 19h fomos para a porta do nosso local de jantar. Recomendamos a “Tasquinha do Medronho”, com uma decoração estranha e com uma comida cinco estrelas. Gaspacho, migas com lagartos de porco preto muito saborosos e duas babas de camelo de primeira qualidade. Muito satisfeitos demos mais um passeio e fomos dormir.
Dia 8, sábado, Almodôvar-Faro 77km
Neste dia tínhamos a limitação de ter que estar em Faro antes das 13:30 para podermos comprar os bilhetes e apanhar o inter-cidades das 14:15h para Lisboa.
Ao pequeno almoço éramos nós dois e a D. Maria de Jesus, que se levantou mais cedo para que nós pudéssemos sair às 8h já de barriga cheia. Obrigado!
Receávamos a Serra do Caldeirão que afinal se veio a revelar um docinho, comparado com as montanhas que estão no norte desta estrada N2. Estava um nevoeiro suave e uma manhã frescota. Passámos o Ameixial, última terra alentejana, descemos até à Ribeira do Vascão, que marca o início do Algarve e da subida do Caldeirão e, uns bons quilómetros depois, chegámos ao miradouro do Caldeirão que marca o fim da mesma subida e onde tirámos umas fotografias. Encontrámos, enquanto isto, duas triatletas nossas conhecidas que nos acompanharam Serra abaixo até terem desviado para Loulé.
O caminho até Faro é bastante rápido. Parámos na agradável praça de S. Brás de Alportel, bebemos um sumo de laranja e “voámos” para Faro com a adrenalina da aposta ganha e sabendo que depois.. só descanso!!!
Chegados ao marco 738 parámos, demos um beijinho, conversámos com uns “motards” que iam iniciar a viagem mas em sentido contrário e, claro, tirámos a foto da praxe. Nestas ocasiões há sempre um sentimento difícil de explicar. Deve ser da contradição entre ter completado um desafio e de, por isso mesmo irmos voltar à rotina. Rotina essa que também tem vários pontos positivos, como por exemplo, uma existência mais descansada.
Ainda fomos mais 500m até ao local onde se encontra o primeiro vestígio da N2, em frente ao edifício da antiga Junta Autónoma das Estradas, com indicações de direcção a Chaves.
Faltava ainda garantir o nosso transporte e das bicicletas para Lisboa. Na bilheteira, e num primeiro contacto, a bilheteira, (mulher que vende os bilhetes), disse que não havia lugares e que estava tudo cheio. Perante a nossa cara resolveu telefonar e acabou por nos vender os bilhetes “à condição” e, depois, falar com o factor (homem que controla os bilhetes dentro do combóio) para nos facilitar a existência. Duas personagens simpáticas e prestáveis a quem devemos a resolução de um problema complicado que nos ia dar 4 horas suplementares de Faro.
Viagem sem grande história, num combóio repleto, mas que se passou bem. Até porque não tivemos que pedalar.
Ao chegarmos a Sete Rios tínhamos o João Oliveira que tinha ficado com o nosso carro quando apanhámos o autocarro expresso para Chaves.
Última história: desmontámos a roda da frente das bicicletas, para caberem no carro e seguimos para deixar o João em casa. Uns 3km depois, no semáforo perto da Rua Castilho, a Madalena pergunta, “o meu telemóvel?”, abre a porta do carro, espreita para o tejadilho e lá estava ele agarrado. Só ao sopapo..!!
E é tudo. Nunca pensei escrever tanto. Se chegaram até ao fim os meus parabéns. Agora imaginem fazer isto a pedalar!!!
4 comentários:
É com o maior prazer que comento qualquer coisa no nosso saudoso e defunto blogue. Ainda mais uma aventura deste calibre. Depois de ler o teu relato tão pormenorizado, fiquei com muita vontade de vos imitar! Espero que me passe 😀. Morria!
Quanto à vossa passagem por estas bandas, que resolveram bisar em transporte de quatro rodas, foi do maior agrado de toda a família presente. Continuem com muita saúde a repetir façanhas destas e a relata-las aqui no blogue, que as lerei sempre com o maior entusiasmo. Parabéns, são uns heróis.
Madalena, tiveste cá uma sorte! O teu TM é muito teu amigo. O Mário já não tem essa sorte.Tinha a mania de poisar tudo no tejadilho do carro. Uma vez uns óculos rayban, dos a sério, voaram e partiram-se. Não foram precisos 100 metros decorridos. Outra vez uma camisola também voou mas essa acho que não demos por isso. Só já tarde....!
Se estarmos já à espera de vos ir ver passar ao Olho Marinho nessa vossa aventura, vos termos tido cá em Serpins, foi excelente.
Abençoado furo.
Muitos parabéns pelo feito e pelo relato que está espectacular.
Já li e reli...
Fico com entusiasmo para fazer algo do género, mas de mota. Se o Joaquim permitir, para o ano deverei fazer esta proeza mas em menos dias.
Excelente exemplo do que é uma viagem e o que é a realização de um desafio.
Beijinho aos tios.
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